Quimioterapia e vacinas

Foto de Iván Díaz na Unsplash

Atualmente eu faço quimioterapia assim: duas doses com 7 dias de diferença e 7 dias de descanso. Estou recebendo o remédio às segundas e por isso na sexta-feira anterior preciso fazer exame de sangue. Como a frequência é alta, conheço muitas pacientes no hospital. Quem me conhece sabe como eu sou, falo até com o poste.

Há umas semanas, o assunto vacina apareceu numa conversa e descobri que a minha coleguinha senhorinha não havia sido orientada a tomar vacinas antes do tratamento. Inclusive que ela tinha certeza que não deveria tomar vacinas… Entrei em choque e tive uma longa conversa sobre as razões para a imunização e seus benefícios durante o tratamento.

No dia da quimioterapia fiz uma enquete rápida na sala de espera. Nenhum oncologista havia recomendado vacinação antes do tratamento.

A pulga da curiosidade me picou. Porque antes de começar o tratamento, o meu oncologista havia liberado as vacinas – sem as receitar e porque eu perguntei quais deveria tomar. Lembrei que em 2012, a Dra. Fofa me mandou tomar a vacina de gripe antes de começar a quimioterapia. Como sei que a ciência avançou muito de lá para cá, fui entender qual é o indicado.

Vacina antes da imunidade baixar

Como a quimioterapia abaixa a imunidade, é sempre prudente antes de começar o tratamento, tomar todas as vacinas possíveis para evitar intercorrências. Já pensou estar em tratamento e pegar uma gripe daquelas? Ou COVID? E uma pneumonia? Não, não são doenças que a gente deseja quando está em tratamento para o câncer.

Segundo a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Emílio Ribas, o ideal é sempre tomar as vacinas que o oncologista recomendou, pois elas serão adequadas ao seu caso e ao tratamento que ele planeja. “A sua resposta imunológica antes do início do tratamento é melhor do que durante ou depois. O ideal é tomar as vacinas até duas semanas antes de começar a quimioterapia. Durante a quimioterapia, as vacinas não são tão eficazes, com exceção da vacina contra gripe”, explica Rosana.

Os pacientes de câncer podem receber apenas vacinas inativadas – aquelas que usam vírus mortos para gerar imunidade. Alguns exemplos são as de hepatite A e B, gripe, pneumonia e meningite. As vacinas vivas, como sarampo, rubéola, caxumba, febre amarela, dengue, rotavírus, zoster e varicela não devem ser aplicadas nos períodos de imunossupressão. A razão é simples: os vírus vivos tendem a causar complicações sérias e até morte.

E os pacientes do IBCC na conversa?

Pedi pra direção do IBCC me esclarecer qual é a orientação sobre vacinas da instituição. Eles juram que “os pacientes que necessitam de imunizações específicas são encaminhados para os CRIES conforme as indicações médicas e protocolos”. A direção do IBCC Oncologia diz também que está desenvolvendo um guia institucional com orientações para todos os médicos, previsto para ser lançada no segundo semestre de 2025.

Junto com esta providência, a instituição diz que vai criar uma área no site dedicada a orientações sobre prevenção e vacinas para os pacientes, além da implementação de um campo no prontuário eletrônico para registro das vacinas ministradas.

Lembrete: o aplicativo MeuSUS do governo federal, disponível para todos os sistemas, e o e-saúde, da prefeitura de São Paulo, guardam os registros digitais de todas as vacinas que nós recebemos.

Centros de referência para imunodeprimidos? Temos

Os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) têm como finalidade facilitar o acesso da população aos imunobiológicos especiais, em especial das pessoas com imunodeficiências congênita ou adquirida e de outras condições especiais de morbidade ou exposição a situações de risco, contribuindo para o fortalecimento dos princípios da universalidade e equidade do SUS.

Os CRIES atendem às pessoas que precisam de vacinas – inclusive as que não estão disponíveis no SUS – desde que sejam receitadas pelos médicos.

No Estado de São Paulo, estão localizados na cidade de São Paulo (endereços abaixo); Santo André, Santos, Campinas, Botucatu, Ribeirão Preto e Marília.

CRIE HC FMUSP
Endereço: AV. DOUTOR ENÉAS DE CARVALHO AGUIAR, 155 – CERQUEIRA CESAR – PRÉDIO DOS AMBULATÓRIOS – 4° ANDAR
Fones: (11) 26616392
e-mail: crieh.ichc@hc.fm.usp.br

INSTITUTO DE INFECTOLOGIA EMÍLIO RIBAS
Endereço: AV. DR. ARNALDO, 165 – CERQUEIRA CÉSAR – SÃO PAULO – SP, 05402-000
Fones: (11) 38961366
e-mail: crie@emilioribas.sp.gov.br

CRIE-UNIFESP
Endereço: RUA BORGES LAGOA 770 – VILA CLEMENTINO – SÃO PAULO – SP CEP: 04038-002
Fones: (11) 55764848 RAMAL 4993
e-mail: crie@huhsp.org.br

A lista dos centros em todo o país está disponível nesta página do Ministério da Saúde. Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais

foto do destaque: Foto de Ed Us na Unsplash


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